Soprou
Soprou.
Como um pulsar do coração. Soprou sem esperar. Soprou como brisa suave.
Soprou trazendo vida, trazendo fôlego. Soprou baixando a alça da blusa.
Soprou no cabelo, que, então, censurou o lábio sujo de batom vermelho.
Soprou tentando subir a saia, que foi impedida por uma mão que correu
numa velocidade mais rápida. Soprou na franja penteada a horas, frente
aquele espelho com marcas antigas que a ferrugem por pouco não corroeu
por completo. Soprou na direção contrária, chateando. Soprou a poeira
abandonada naquela rua com o asfalto comprometido e buracos abertos
deixados para trás, afinal, os carros que desviem, com o tempo, se
acostumam. Soprou nas roupas estendidas no varal, roupas lavadas pelas
mãos calejadas daquela senhora padecida pela labuta diária, mas que
ainda assim consegue exprimir um sorriso, cujas rugas esconde uma
inocência de criança. Soprou fechando os olhos de quem podia sentir o
vento que soprara. Soprou na sina de encontrar um novo nascer do sol.
Soprou, soprou, soprou. Sem precisar ver, soprou. Sem precisar pegar,
soprou. Permitindo apenas sentir, soprou... O vento soprou. Sopra. O
vento é só pra sentir.
Thayse Silva.
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