Tinder
-
Oi!
- Olá... td bem?
- Tudo certo. E contigo?
- Tô bem.
- Tem whatsapp?
Confessa. Aquele papo incrível com a pessoa que mora a
200 quilômetros de você ou a conversa monótona que mal saiu do chat do Tinder
começaram bem parecidos com o diálogo aí de cima. Quem nunca se sentiu
inebriado pela doce possibilidade de poder selecionar os melhores pretendentes
com um simples deslizar de dedo na tela do smartphone?
É tentador. Não! Melhor ainda: é excitante. Tanto que eu
não pude deixar de mergulhar nesse fascinante estuário de oportunidades para o
relacionamento casual. Julguem-me!
O Tinder é, em essência, um catalizador do processo da
paquera. Em termos simples, é bem parecido com aquele amigo que desenrola o
contato da menina de quem você não tira os olhos. Um facilitador. Um
alcoviteiro!
Tudo se baseia em imagem e poder de síntese. Discorda?
Tá. Compara um perfil no aplicativo que tenha uma foto super produzida (com
direito efeito a black & white e biquinho) a outro em que a foto foi
colocada na horizontal e mostra toda a decoração barroca do banheiro de casa ao
fundo. Põe na balança também uma descrição de perfil coesa, bem escrita,
divertida e atrativa contra uma frase piegas e mainstream, ou um trecho de
alguma das obras primas de Polentinha do Arrocha.
A propaganda é a alma do negócio (clichê detectado!). Se
você não sabe se vender, não ganha uma “curtida” de volta. Demorei pra receber
uma. Demorei muito! Quando já acreditava na minha total incompetência no jogo
da azaração virtual, eis que surge a notificação tão desejada: “That’s a
match!”. Confesso que grande parte dos meus “lances” no Tinder não
ultrapassaram o estágio da conversa breve no Whatsapp. É difícil ser encantador
e irresistível com um punhado de palavras e nada de contato pessoal (soou
arrogante?).
Ah! Um detalhe. Não confie no poder da sua foto
“photoshopada” por muito tempo. O encanto visual acaba rápido logo depois de um
“mim dar seu numeru”. Mas seria injusto dizer que no grande universo da
casualidade do Tinder não existem pessoas legais. Encontrei figuras muitos
divertidas e contatos que mantenho até hoje. Tudo depende muito da intenção que
você carrega ao acessar aquele aplicativo da perdição...digo, de interação.
As possibilidades são imensas. O Tinder é uma grande
vitrine. Opções variadas e padrões para todos os gostos. Escolha à vontade.
Mas, lembre-se: você ocupa duas posições nesse contexto. Ao mesmo tempo em que
escolhe seu produto (o termo foi intencional) na vitrine, também é escolhido -
ou rejeitado.
O aplicativo é uma ferramenta muito bacana. Vale a pena
experimentar, mas, por favor, não use-o pra encontrar os amores de suas vidas;
as metades das maçãs; ou os queijos das goiabadas. Há quem o faça. A carência e
a busca quase desesperada pelo par ideal pulsam ali dentro.
Nada substitui o ao vivo e a cores. Nada, absolutamente
nada, vale mais do que dois sorrisos sincronizados depois de olhares que se
esbarram e gostam do que veem. Os nossos gadgets, cada vez mais finos, rápidos
e cheios de tecnologias, podem representar a maior barreira interpessoal dos
últimos tempos.
Que o Tinder seja apenas uma boa fonte de histórias
engraçadas e boas risadas (encontra-se de tudo...TUDO... por lá). Não mais que
isso. Larga esse celular no sofá. Estica as pernas e vá conhecer pessoas reais,
do mundo real que te circunda. Não subestime seu sex appeal (não acredito que
escrevi isso). Afinal de contas, a vida não foi feita para ser curtida, mas
sentida.
O Jornalista
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